Penso que quando falamos na organização e gestão da vida da sala, nomeadamente na criação de estratégias e recursos que facilitem essa gestão e organização (como é o caso do quadro de presenças) é muito importante que o trabalho seja de equipa, isto é, não apenas nosso, mas mais do que isso, das crianças. As rotinas que orientam a vida da sala dão à criança a noção de que faz parte do grupo e do jardim e que aquele espaço é também o seu espaço. Por isso é fundamental que as rotinas, recursos e estratégias adotadas sejam também da sua autoria.
Depois de termos o quadro das presenças a funcionar plenamente, considerámos importante a criação de um quadro de tarefas que pudesse ajudar as crianças a organizarem as rotinas e que trouxesse também alguma democracia a essa organização. Então reunimo-nos em grande grupo no tapete e lançamos ao grupo o problema de que vários meninos querem, todos os dias, ser eles a dar o leite ou a tocar a caixinha de música, perguntando ao grupo como achavam que poderíamos resolver esta situação. A partir daí foram as crianças que definiram a solução: um quadro de tarefas. Falaram da necessidade de fazermos as fotografias de todos os meninos, e depois definiram as várias tarefas: distribuir o leite, fazer o comboio, acertar o relógio, ser o ajudante do dia, e tocar a caixinha de música. Houve até um menino que sugeriu uma forma diferente de organizar o momento do leite, de manhã, mas o grupo não concordou, porque a solução poderia originar alguma desordem. Também foram dadas sugestões sobre o funcionamento do quadro de tarefas: “Cada dia é um menino que ainda não foi” (Criança).
Assim, a partir das ideias das crianças, construímos um quadro de tarefas em cartolina, que nos permitisse eleger um responsável por cada tarefa, em cada dia.
A sua introdução foi por isso um sucesso. No dia em que o levamos as crianças ficaram entusiasmadíssimas e muito participativas, para além de que se tornaram muito autónomas no seu preenchimento diário.
O quadro foi introduzido por nós, mas foram as crianças que tomaram todas as decisões relativas ao mesmo, dando-lhe sentido na vida da sala.
Joana