No âmbito da unidade curricular de Gestão de Comunidades de Aprendizagem Online, debruçámo-nos acerca do tema “Redes/ comunidades online e sociedade da informação”. Assim, começamos por abordar o conceito de sociedade da informação e a sua relação com a educação, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), como ferramentas incontornáveis da sociedade atual, bem como os desafios e oportunidades decorrentes deste período. Surgem, nesse contexto, as redes e as comunidades online como recursos para potenciar, não só o conhecimento do professor, mas também a atualização e a renovação das suas práticas.
Ao analisarmos a atualidade, verificamos que esta apresenta um elevado grau de complexidade, pela diversidade de variáveis que a compõem e pela indefinição quanto ao quadro social. A história das tecnologias é indissociável do contexto social em que ocorre, contudo são os fatores sociais que modelam a tecnologia. Esta relação biunívoca pressupõe que apesar dos impactos sociais das tecnologias da informação e comunicação serem profundos e alargados, as suas origens sociais são também significativas. Assim, o desenvolvimento das novas tecnologias da informação, do audiovisual e das comunicações conduzem a profundas alterações na economia e na sociedade e, consequentemente, tem impacto nos mais diversos níveis, como por exemplo, no trabalho, na educação, na saúde, no lazer, entre outros (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997).
Uma vez que a sociedade da informação possui, como base, uma sólida infraestrutura, onde a informação e o conhecimento se tornam variáveis fundamentais para a obtenção da produtividade e do poder, estes transformam-se em motores de arranque da economia. Deste modo, “A sociedade de informação é entendida como uma sociedade centrada não tanto na produção de bens, mas na produção de uma grande diversidade de serviços baseada em conhecimentos e na produção, tratamento e transmissão da informação” (Kovács & Moniz, 2001, p. 25).
Em virtude da reflexão sobre o conceito de sociedade da informação e da sua complexidade, surgem várias perspetivas, sendo que algumas sublinham a importância do conceito conhecimento em detrimento do conceito informação. Isto porque, apesar da sociedade ter acesso à informação, se não possuir capacidades para a tornar em conhecimento, não conseguirá tirar proveito de todo o seu potencial. Portanto, o mais relevante não é saber receber e processar a informação, mas saber torná-la em conhecimento produtivo (Junqueira, 2002).
No âmbito desta perspetiva, “verificamos a necessidade de converter a sociedade da informação em sociedade do conhecimento, onde a informação não circule apenas mas se processe e proceda à sua gestão, no sentido da sua optimização num contexto de aprendizagem permanente” (Rodrigues, 2010, p.3). Assim, a substituição da expressão sociedade da informação pela expressão sociedade do conhecimento, não diz respeito a um período de desenvolvimento económico e social concreto mas sim a um período idealizado que se pretende atingir.
A sociedade da informação, na generalidade dos discursos e das análises, é percecionada como um desafio no qual é suposto que todos os cidadãos se mobilizem, com vista a alcançar a designada sociedade do conhecimento, onde as redes digitais são a base do funcionamento das sociedades. Em suma, a informação e o conhecimento espelham, de modo particular, a modernização, o progresso e o desenvolvimento das sociedades, que ocorrem a um ritmo acelerado.
As TIC, que se colocam como o aspeto mais visível desta sociedade de informação, vão surgindo a partir do desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico mas, ao mesmo tempo, surgem também como resposta às necessidades emergentes da sociedade. As expectativas e exigências, que resultam do novo paradigma da sociedade de informação, constituem-se como desafios e oportunidades, neste processo de mudança. Assim, torna-se premente assegurar, não só a acessibilidade às TIC mas, também proporcionar o desenvolvimento de competências técnicas e científicas para as utilizar.
Tendo em conta estas mudanças, verificámos que também ao nível da educação e formação, os professores têm de estar preparados para os novos desafios que são colocados, uma vez que necessitam de desenvolver competências técnicas e científicas, de modo a oferecer novas oportunidades de aprendizagem aos seus alunos e promovendo igualmente o seu próprio desenvolvimento profissional. Assim, e relativamente aos desafios, Junqueira (2002) afirma que se soubermos, individual e coletivamente, encontrar as respostas adequadas e empreender as ações correspondentes, então seremos capazes, não só de os enfrentar, mas também de os vencer. E é aí que a Idade do Conhecimento se apresenta como a próxima grande oportunidade da História dos Homens.
Esta oportunidade passa por reforçar o potencial das TIC no intuito de estabelecer uma comunicação partilhada (Johnson, 2001; Miranda & Dias, 2005, citados em Cruz, 2010), pois o agir profissional dos professores deve desenrolar-se em ambiente colaborativo, com a reflexão a realizar-se através do diálogo de trabalho com os outros e na construção de objetivos comuns (Alarcão, 2002, citada em Cruz, 2010). Para além deste diálogo, “a criação de redes colectivas de trabalho, constitui, também, um factor decisivo para a afirmação de valores próprios da profissão docente” (Nóvoa, 1992, p.26, citado em Cruz, 2010, p.37).
As comunidades de prática online, surgem neste contexto, e afirmam-se como uma das respostas possíveis aos desafios e necessidades com que os professores se debatem atualmente (Barab & Duffy, 2000; Barab, 2003; Saint-Onge & Wallace, 2003; Dede, 2004; Dede et al, 2004; Chagas, 2006, citados em Pinho, 2010), sendo justificadas pela colaboração, partilha de recursos, desenvolvimento de materiais curriculares e desenvolvimento pessoal e profissional do professor (Chagas, 2006, citados em Pinho, 2010). O conceito de comunidade de prática online remonta a 1998, tendo origem na obra “Communities of Practice: learning, meaning and identity” de Etienne Wenger e combina três elementos essenciais: i) “um domínio de conhecimento, que define um conjunto de questões”; ii) “uma comunidade de pessoas que se interessam por esse domínio de conhecimento” e iii) “a prática colaborativa/ partilhada que essa comunidade de pessoas desenvolve para ser eficiente no domínio referido” (Wenger, McDermott & Snyder, 2002, citados em Pinho, 2010, p.13). Pode definir-se, portanto, como “um grupo de pessoas, envolvidas numa mesma prática, que comunicam regularmente entre si a propósito dessa sua prática” (Wenger, McDermott & Snyder, 2002, citados em Pinho, 2010, p.14).
Giardina e Mve sublinham que a colaboração que se estabelece entre os elementos da comunidade online, e que surge vinculada a um objetivo comum, contribui para o desenvolvimento de vínculos fortes, compensando, de certa forma, o distanciamento e a impessoalidade inerentes à prática através da Internet (1996, citados em Pinho, 2010).
A sociedade em que vivemos exige respostas da escola, que não se pode alhear do processo de mudança. Alarcão (2001, citada em Cruz, 2010) sublinha que, face a estas exigências, não é suficiente contar com professores reflexivos, que constroem individualmente um conhecimento profissional contextualizado e sistematizado, numa permanente dinâmica interativa entre a ação e o pensamento ou a reflexão, sendo antes necessário formar uma consciência coletiva, em permanente dinâmica interativa entre a ação e o pensamento ou a reflexão.
Esta ideia, sublinhada por vários autores, justifica a pertinência da unidade curricular em que estamos inseridas, pois permite-nos partilhar experiências e reflexões inseridas na prática pedagógica, promovendo o diálogo e o intercâmbio de ideias, e consequentemente, o nosso desenvolvimento enquanto profissionais da educação. Todavia, julgamos que a escassa experiência profissional e todos os condicionalismos que envolvem a prática pedagógica (a articulação com o seminário de investigação, as singularidades do contexto ou o pouco tempo disponível) não permitem que esta experiência seja mais proveitosa.
Filipa e Sónia.
Referências bibliográficas
Cruz, M. (2010). Interacções em Comunidades de Prática Online e Reflexividade Docente. Dissertação de Mestrado, Universidade de Aveiro, Aveiro
Junqueira, R. (2002). A idade do conhecimento. Lisboa: Editorial Notícias
Kovács, I. & Moniz, A. (2001). Sociedade da informação e emprego. Lisboa: Direcção-Geral do Emprego e Formação Profissional
Ministério da Ciência e da Tecnologia (1997). Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal. Lisboa: Missão para a Sociedade da Informação
Pinho, S. (2010). Papéis Sociais em Comunidades Online e sua Repercussão na Interacção. Dissertação de Mestrado, Universidade de Aveiro, Aveiro.
Rodrigues, A. (2010). A importância da Biblioteca Escolar para a Literacia da Informação: as Bibliotecas Escolares do 2º e 3º Ciclo do Distrito de Bragança. Porto: Universidade Fernando Pessoa